Por Osvaldo Soares – Especialista em Logística, Infraestrutura e Administração
A interdição da ponte sobre o Rio Jequitinhonha, na BR-101, no município de Itapebi (BA), tem provocado um verdadeiro colapso na mobilidade e na vida cotidiana de milhares de moradores do Extremo Sul da Bahia. Enquanto a estrutura permanece fechada, os motoristas são forçados a utilizar desvios como o da Veracel, que se encontra em condições precárias, com trechos escorregadios, cheios de lama e praticamente intransitáveis — ainda mais com a previsão de 22 mm de chuva para esta terça-feira (13).
A situação é especialmente crítica para pessoas que dependem da rodovia para tratamento de saúde, como pacientes em quimioterapia que se deslocam regularmente para cidades como Ilhéus, Salvador e Vitória da Conquista. Muitos já enfrentam dificuldades físicas, emocionais e financeiras, e agora também precisam superar obstáculos geográficos em estradas sem estrutura, sem segurança e sem qualquer assistência governamental ao longo do trajeto.
Impacto direto em todas as áreas
A ponte sobre o Rio Jequitinhonha não é apenas uma via de passagem. Ela é fundamental para a logística nacional, conectando o Nordeste ao Sudeste e integrando economicamente os estados brasileiros. A BR-101 é essencial para o escoamento de mercadorias, turismo, transporte escolar, acesso a serviços públicos e muito mais. Sua paralisação representa prejuízos incalculáveis à região, tanto no campo econômico quanto no social.
O desvio oferecido como alternativa revela total falta de planejamento: não há estrutura adequada, sinalização, nem suporte para quem precisa parar. Quem se aventura por essa rota corre o risco de ficar atolado, sem acesso a comida, água ou ajuda mecânica.
Enquanto isso, o Governo Federal se mantém em silêncio e o Estado da Bahia alega que não é de sua competência, deixando milhares de cidadãos à mercê do descaso.
Reconstrução: quem deve assumir? Exército ou setor privado?
Diante da urgência da situação, discute-se quem deve ser o responsável pela reconstrução emergencial da ponte: o Exército Brasileiro ou a iniciativa privada. Ambas as opções têm vantagens e desvantagens.
Com o Exército, ganha-se em rapidez, segurança e acesso a recursos emergenciais, além da experiência com obras em situações de calamidade. Já a iniciativa privada, por meio de licitação pública ou parceria público-privada, traz especialização técnica, possível redução de custos e flexibilidade de execução, mas pode ser mais lenta na contratação e sujeita a atrasos e entraves burocráticos.
O que não pode mais acontecer é a paralisia das autoridades enquanto vidas estão em risco.
Exigência por soluções reais e urgentes
A população do Extremo Sul da Bahia exige mais do que promessas: exige ação. A reconstrução da ponte do Rio Jequitinhonha é urgente, vital e inadiável. Seja pelo Exército, seja por uma construtora privada, o processo precisa ser iniciado imediatamente, com transparência, supervisão rigorosa e foco no interesse público.
A BR-101 não pode continuar sendo ignorada. É hora de parar de empurrar responsabilidades e colocar o povo em primeiro lugar.