Tem coisa mais brasileira que uma grande obra que nunca sai do papel, mas sempre entra na pauta quando o ano eleitoral se aproxima? A Ponte Salvador-Itaparica virou praticamente um personagem fixo da novela política baiana, dramática, cheia de reviravoltas e com temporadas infinitas.
A cada ciclo eleitoral, ela ressurge como uma fênix de concreto (só que sem concreto), pronta para “transformar a Bahia” e “colocar o Brasil no mapa da engenharia mundial”. No papel, é uma maravilha. Na prática, é uma mistura de PowerPoint, CGI e promessas recicladas.
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Ontem o projeto custava 5 bilhões. Hoje já subiu para 6,5. Amanhã, quem sabe, 8? Cada dia é um número novo, um obstáculo inédito, uma desculpa mais criativa. Falta licitação, sobra estudo técnico. Tem consórcio chinês, coreano, francês e, claro, muito otimismo tropical.
O Brasil tem capacidade para uma ponte assim? Talvez. A Bahia tem? Talvez. Mas e vontade política real, aquela que vai além do comício e do vídeo bonito nas redes sociais?
Se depender do histórico, essa ponte vai continuar ligando uma margem à outra apenas no imaginário popular, ou nos discursos acalorados de quem adora transformar maquetes em voto.
Por Geraldo Soares – GNBahia
