Uma nova edição do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgada nesta segunda-feira (5), revela que o Brasil permanece com 29% de sua população entre 15 e 64 anos classificada como analfabeta funcional — índice idêntico ao de 2018. Esse grupo é composto por pessoas que conseguem ler palavras isoladas ou frases muito simples, mas não compreendem textos mais elaborados ou realizam operações matemáticas básicas.
O estudo, realizado entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025 com 2.554 pessoas, aponta que 7% dos brasileiros dessa faixa etária são analfabetos absolutos, incapazes de ler ou escrever palavras simples. Outros 22% estão no nível rudimentar, com habilidades limitadas à leitura de palavras e números isolados, sem capacidade para interpretar textos ou realizar tarefas cotidianas que envolvam leitura e cálculo.
A pandemia de covid-19 teve impacto significativo, especialmente entre os jovens. O índice de analfabetismo funcional na faixa de 15 a 29 anos subiu de 14% em 2018 para 16% em 2024, revertendo avanços anteriores. A coordenadora do estudo, economista Ana Lima, destacou que “fenômenos desse tipo se movem muito lentamente; não esperávamos nenhuma revolução, mas nos impactou que o freio fosse mais forte do que imaginávamos”.
O Inaf classifica os níveis de alfabetismo em cinco categorias: analfabeto, rudimentar, elementar, intermediário e proficiente. Apenas 10% da população avaliada atingiu o nível proficiente, demonstrando capacidade de compreender e interpretar textos complexos, gráficos e tabelas, além de elaborar textos com argumentação estruturada.
A estagnação nos índices de alfabetismo funcional e o retrocesso entre os jovens acendem um alerta sobre a necessidade urgente de políticas públicas eficazes para combater o analfabetismo funcional e promover a inclusão educacional no país.