A interdição da ponte sobre o rio Jequitinhonha, na BR-101, próximo a Itapebi, permanece sem solução definitiva. Com as chuvas intensas na região, o desvio improvisado continua oferecendo risco à trafegabilidade, dificultando o trânsito de cargas e passageiros. O atraso nas obras de recuperação levanta suspeitas sobre a intenção de se justificar a dispensa de licitação para futuras contratações emergenciais.
A situação tem provocado um verdadeiro efeito dominó. A ponte é um ponto-chave da logística nacional, ligando o Sudeste ao Nordeste, conectando grandes centros urbanos e servindo como acesso ao Porto de Santos. A interdição tem forçado o desvio de rotas para estradas alternativas, sobrecarregando outras vias e elevando o custo do transporte para empresas, cooperativas agrícolas e pequenos empreendedores, muitos dos quais já acumulam prejuízos e alguns, segundo relatos locais, chegaram à falência.
Segundo levantamento da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS), publicado em manifesto recente, o Brasil tem 727 pontes com estrutura crítica, em situação semelhante à que desabou entre o Tocantins e o Maranhão. O alerta evidencia o abandono sistêmico da malha rodoviária nacional, e a ponte do Jequitinhonha está no centro dessa crise.
Permitir o caos para justificar a urgência?
Há quem aponte que o atraso deliberado na reforma pode ser uma estratégia para justificar contratos emergenciais sem licitação, o que facilita favorecimentos e superfaturamentos. Enquanto alguns se preparam para lucrar, a população sofre.
A crise não é apenas logística. A interdição da ponte ocorre simultaneamente a outros golpes na estrutura social da região. O fechamento de agências bancárias como Bradesco em pequenas cidades, somado aos recentes golpes contra aposentados do INSS, ampliam o sofrimento da população. Para muitos, trata-se do velho ditado na prática: “além da queda, o coice.”
O cenário escancara não apenas a negligência com a infraestrutura, mas também a insensibilidade com as consequências sociais e econômicas para as regiões dependentes desses serviços essenciais.
Conclusão:
A situação da ponte do rio Jequitinhonha não é apenas um problema técnico, mas um símbolo do descaso com a infraestrutura nacional e suas repercussões em cadeia. A urgência não pode ser pretexto para má gestão, e a população não pode continuar arcando com os custos de uma política que ignora as prioridades básicas do país.